quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Entenda como a aspirina pode levar ao desenvolvimento da baixa visão em idosos

A degeneração senil de mácula (DSM) ou Doença macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença degenerativa de uma região muito pequena e central da retina, onde temos a maior concentração de células nervosas (fotorreceptores), que é responsável pela “visão central”.  Se a mácula estiver comprometida nos resta apenas a visão periférica (figura 1).
Figura 1: Comparação entre paciente com visão normal e DMRI
Cerca de 90% da sua forma clínica de apresentação é do tipo seca ou geográfica, menos grave e com menor perda da visão central. A forma exsudativa (ou úmida), embora menos freqüente, pode levar a quadro clínico mais agressivo e com pior prognóstico.

A etiologia da DSM ainda não é bem conhecida, fatores como exposição à radiação ultravioleta (luz solar) e tabagismo parecem desempenhar algum papel nocivo, bem como a luteína (carotenóide presente nas frutas e vegetais) parece ser fator de proteção devido a sua ação antioxidante.  Estudo clássico multicêntrico (Age-Related Eye Disease Study (AREDS)), demonstrou que a ingestão de uma combinação de vitamina C (500 mg), beta-caroteno (15 mg), vitamina E (400 UI), zinco (80 mg) e cobre (2 mg), é útil para alguns portadores de DMRI, parecendo levar a uma evolução mais lenta da doença.

Um novo artigo publicado numa revista de importante impacto científico (JAMA) observou que os pacientes que usam aspirina rotineiramente são quase três vezes mais propensos a desenvolver DSM exsudativa.  Pesquisadores da Universidade de Sydney acompanharam quase 2.400 pacientes de meia-idade e idosos por mais de 15 anos. Quase todos os participantes tomaram aspirina ocasionalmente, com 257 participantes utilizando pelo menos uma vez por semana.
Após 15 anos, os pesquisadores descobriram que:
• 3,7% dos usuários "ocasionais" de aspirina desenvolveram DMRI úmida
• 9,4% dos usuários “regulares” de aspirina desenvolveram DMRI úmida
O estudo corrobora uma pesquisa anterior da “European Eye Study” que observou que a aspirina pode dobrar o risco de DMRI exsudativa.

O mais importante ponto a se discutir é que muitos pacientes tomam doses baixas de aspirina diariamente para evitar derrames e ataques cardíacos. Além disso, pesquisas recentes demonstraram que o fármaco pode reduzir a incidência de tumores.

Em minha opinião os pacientes com risco de doença cardiovascular grave, que podem ter efeitos importantes para a saúde caso parem a ingestão da droga, não deveriam parar de usá-la mesmo com essa pesquisa, pois o risco de morte me parece muito maior que o do desenvolvimento da DSM exsudativa. Ressalto também que a oftalmologia evoluiu muito no tratamento da DMRI úmida, ela pode ter prognóstico favorável se diagnosticada e tratada a tempo.