quarta-feira, 25 de abril de 2012

Os olhos na primeira infância

A visão é essencial para o bebê ter melhor compreensão do mundo a sua volta (é o principal sentido do ser humano) permitindo um desenvolvimento normal da criança. Uma avaliação precoce é importante na detecção de problemas que possam afetar os olhos, evitando prejuízos futuros.

Como é o desenvolvimento dos olhos?

Os olhos tem sua formação iniciada na segunda semana de gestação, estando quase completamente formado nas quatro semanas seguintes. Esse é o periodo de maior vulnerabilidade ocular. A sigla conhecida entre os médicos como TORCH, são as infecções intra-uterinas que podem afetar os olhos nessa fase (toxoplasmose, sífilis, rubéola, herpes e citomegalovírus). Nos últimos sete meses de gestação temos o final da formação ocular, estabelecendo conexão entre o nervo óptico até o cérebro. Ao nascer o tamanaho do olho é aproximadamente 75% do olho de um adulto, continuando sua formação até os dois anos de vida.

O que o bebê enxerga?

A visão ao nascer é de aproximadamente 20/400, a criança nota os familiares próximos muito mais pela audição do que pela visão. No final do primeiro mês o rosto da mãe é reconhecido pela sua forma (ovalado, triangular), mas ainda de maneira muito rudimentar. A visão tem seu pico de desenvolvimento até os 3 anos, chegando a acuidade igual de um adulto entre 4-5 anos de idade. Já a visão de cores está presente ao nascimento.


Quais são os problemas comuns nos primeiros meses de vida?

Infecções – Alguns recém-nascidos podem contrair conjuntivite ao passar pelo canal de parto. Após o nascimento as conjuntivites são adquiridas de outros indivíduos infectados. Geralmente os olhos ficam vermelhos e com secreção, e as pálpebras incham. Antibióticos em forma de colírios devem ser ministrados.

Obstrução do canal lacrimal – A lágrima é drenada por um ducto (ponto lacrimal) localizado na parte interna das pálpebras que desemboca nos cornetos nasais. Alguns bebês nascem com esse canal bloqueado, causando aumento do lacrimejamento. Essas crianças apresentam tendência a infecções oculares, que devem ser tratadas com antibióticos. Na grande parte dos casos o canal abre espontaneamente até o primeiro ano de vida. Em alguns casos é necessária a sondagem do canal para o estabelecimento de drenagem lacrimal eficaz.

Catarata congênita – Dentro dos olhos temos uma lente de aproximadamente 20 graus conhecida como cristalino, que ajuda a focar os objetos. Na catarata congênita essa lente fica opaca, não permitindo que a luz penetre nos olhos. Por lei, nos berçários é realizado o “teste do olhinho” pelos neonatologistas, a fim da detecção precoce dessa doença, pois se trata de uma urgência oftalmológica: a criança deve ser operada assim que possível para permitir desenvolvimento adequado das vias visuais.

Estrabismo - No estrabismo os olhos estão desalinhados. É esperado que os bebês até 4-6 meses de vida apresentem desvios intermitentes oculares, pois o reflexo de fixação responsável por manter os olhos paralelos está em desenvolvimento. Após essa idade caso o paciente ainda tenha os olhos desviados é necessária a visita a um oftalmopediatra. Para informações mais detalhadas sugiro ler artigo anterior do blog – “ Entenda mais sobre estrabismo”.

Ambliopia – Ambliopia se caracteriza pela diminuição importante da visão em um dos olhos. Ocorre quando existe um desequilíbrio interocular. Pode ocorrer por catarata, estrabismo, blefaroptose, trauma ou diferença importante de grau entre os olhos. Como geralmente a criança não percebe que um dos olhos tem visão pior, a ambliopia é detectada no exame de rotina do oftalmologista. Tratamento com oclusor, óculos e correção do problema de base deve ser prontamente instituídos, para o desenvolvimento do olho amblíope. Para entender mais acesse post anterior desse blog – “O que é ambliopia?”  

Blefaroptose – Em alguns casos, o músculo que levanta a pálpebra superior tem desenvolvimento deficiente. Essa fraqueza muscular leva a pálpebra a ficar mais caída (blefaroptose). Casos mais severos, principalmente os que bloqueiam a pupila, devem ser operados, pois pode levar ao aparecimento da ambliopia.

Retinopatia da prematuridade – Bebês prematuros não tem ainda o desenvolvimento completo dos vasos retínicos. Em alguns casos, principalmente crianças que nasceram com menos de 32 semanas e abaixo de 1500g, o desenvolvimento anormal desses vasos pode causar danos ao olho. A retinopatia da prematuridade deve ser investigada em prematuros nas primeiras semanas de vida. Caso seja detectada, em casos avançados, tratamento com laser deve ser instituído para prevenir a cegueira.