Tem ocorrido muita controvérsia e discussão sobre a Síndrome
de Irlen, também conhecida como Síndrome da Alteração da Sensibilidade Escotópica.
O princípio básico (e não há como se aprofundar muito, já
que os profissionais que se denominam habilitados para prescrever o tratamento
não publicam em revistas indexadas e não revelam como escolhem os filtros
utilizados para o tratamento) é que pessoas com dificuldade de aprendizado e
leitura melhorariam muito sua visão com a adição de lentes filtrantes ou mesmo
filtros sobre textos que estejam lendo.
O primeiro fato que me chama a atenção é que 15% da
população tem essa síndrome, ou seja , no Brasil teríamos mais de 30 milhões de
afetados, mas quase ninguém conhece a doença! Vários casos diagnosticados por
profissionais responsáveis como a dislexia, transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade estão errados, todos são Irlen e podem ser curados com lentes
filtrantes.
Na medicina para se provar uma teoria clínica e/ou
tratamento é muito importante que exista embasamento científico, com trabalhos
que utilizem amostras pareadas, testes duplo-cego sem a interferência do
examinador. Infelizmente não observei nenhum artigo que preencha esses
critérios sobre a chamada Síndrome de Irlen, inclusive resolução do Conselho
Federal de Medicina e afirmações da Academia Americana de Oftalmologia e Academia
Americana de Oftalmologia Pediátrica refutam o tratamento com as “lentes
filtrantes”.
Na saúde não existe o “eu trato”, o singular é muito
perigoso e nesse caso muito tentador, é muito estranho que apenas um serviço
seja o responsável por cuidar dessa moléstia. Vamos nos basear no método
científico, caso contrário voltaremos à
idade média e várias fórmulas milagrosas nos levarão ao breu novamente.