quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

COLÍRIO PARA TRATAR MIOPIA?

É fato que o número de míopes vem aumentando vertiginosamente nas últimas décadas, na China, por exemplo, 80% das crianças são míopes! Pouco se tem certeza das causas desse aumento, fatores genéticos, ambientais e comportamentais parecem contribuir para o crescimento da miopia.

Em um estudo revelado há 1 mês no congresso da Academia Americana de Oftalmologia, a utilização de um colírio comumente usado para dilatar as pupilas, a atropina, parece ter efeito no retardo do aumento da miopia em crianças com idade escolar.

Não está claro qual o efeito da atropina, porém em estudo recente com 400 crianças examinadas a cada quatro meses por 2 anos (AJO Loh K et al 2015) foi observada a  redução da progressão  da miopia nas crianças que utilizaram colírio de atropina 1% (-1,25 de progressão no grupo sem atropina X -0,15 no grupo que utilizou atropina). O inconveniente é que essa dose causa efeitos indesejáveis como a fotofobia, devido à dilatação das pupilas.

Porém, a boa notícia é que as crianças recebendo dose mais baixa do colírio (atropina 0,01%)  também tiveram menor progressão de miopia (50%) e quase sem efeito colateral nenhum.  


Esses achados nos dão uma ferramenta segura no combate ao aumento progressivo da miopia em algumas crianças.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

NISTAGMO INFANTIL

O nistagmo infantil está geralmente presente entre o nascimento e os primeiros 3 meses de vida, caracteriza-se por ser involuntário, bilateral, geralmente horizontal e pode ou não estar acompanhado de baixa acuidade visual.

Posturas anômalas de cabeça são comuns, pois em determinadas posições do olhar a frequência do nistagmo pode diminuir, permitindo uma melhora da visão.  O diagnóstico se baseia em características clínicas.

O nistagmo pode aumentar com a fixação ou a leitura de letras pequenas (embora possa diminuir bastante também na posição de leitura) e pode estar associado a estrabismo.
Uma característica do nistagmo infantil é que  a criança não tem oscilopsia (ver os objetos tremendo) e na grande maioria dos casos não está ligado a nenhuma alteração neurológica. Com relação aos olhos algumas doenças podem estar associadas como o albinismo ocular e distrofias de retina.

Não há cura para o nistagmo infantil, apenas pode se melhorar a posição de bloqueio (torcicolo) realizando cirurgia nos músculos oculares extrínsecos.   

quarta-feira, 15 de julho de 2015

O "Boom"da miopia

É cada vez mais prevalente no consultório crianças com miopia, inclusive miopias que tem início em idade mais precoce que a média populacional.
Seja por fatores ambientais (uso em excessso de computadores, tablets, celulares, menor exposição à ambientes abertos) ou genéticos, temos  que ficar atentos à essa alteração.
Coloco no blog link de artigo interessante publicado na Nature em março que evidencia esse aumento do número de casos, principalmente em países orientais.
Vale a pena ler: http://www.nature.com/news/the-myopia-boom-1.17120

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

QUAL A COR DO VESTIDO?

Depois de muitos questionamentos  da família e de amigos pelo whats'up ou redes sociais resolvi postar a explicação que considero mais plausível para esse fênomeno da internet.

A retina tem 2 tipos de células: cones e bastonetes. Os primeiros são responsáveis pela visão diurna, mais detalhada e colorida e se encontram mais centrais na retina. Os bastonetes  são fotorreceptores que ficam mais periféricos e tem como principal função a visão noturna (ou em ambientes com pouca luminosidade).
Basicamente temos 3 tipos de cones: L, M e S. Esses últimos foram descobertos há não muito tempo e são mais sensíveis à cor azul, sabe-se que estão localizados mais próximos dos bastonetes (30º centrais).

Pois bem, ao vermos uma imagem com bastante luminosidade os cones responsáveis pelo verde-vermelho agem mais, já nas com pouca luminosidade os cones S funcionam melhor (no caso da foto do vestido).
 Porém existem variações individuais, as pessoas que tem os cones L e M não apenas na região mais central da retina verão o vestido dourado e branco, já as que que tem os cones L-M bem centrais verão preto e azul. É possível inclusive que uma mesma pessoa veja a imagem com cores diferentes dependendo do horário do dia.
Outra fato a ser considerado é que pensando em comprimentos de onda, os bastonetes são um pouco sensíveis ao verde, mas nada sensíveis ao vermelho, dessa maneira, raciocinando em combinações de cores isso explicaria o porque num ambiente com pouca luminosidade como o da foto as matizes mais próximas do vermelho seriam mais difíceis de serem reconhecidas. Ao olharmos uma rosa pela manhã o vermelho é muito mais evidente, porém ao entardecer as folhas verdes acabam se tornando muito mais proeminentes aos nossos olhos.
Mas para os que ainda não sabem: o vestido é azul e preto.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

QUAIS AS PERGUNTAS MAIS COMUNS PARA O OFTALMOPEDIATRA?


Por que se preocupar com a visão de uma criança?
Os bebês tem uma visão bem rudimentar ao nascer; para obter desenvolvimento adequado as crianças precisam de uma conexão eficaz entre os olhos e o cérebro. Se há algum problema que interfere com a visão em um ou ambos os olhos, as conexões do olho para o cérebro podem não se desenvolver corretamente.

Quando eu deveria examinar os olhos do meu filho?
O primeiro exame é realizado na maternidade, onde se observa através do “teste do olhinho” (obrigatório em alguns Estados) se existe alguma anomalia que impeça a luz de atingir a retina (catarata congênita, retinoblastoma, doenças infecciosas , etc).  Após esse período o pediatra e os pais devem levar seu filho ao oftalmologista caso notem sinais característicos como estrabismo, aversão à claridade, olhos vermelhos, dificuldade para enxerga, coceira, etc. Porém é imprescindível que entre 2 anos e meio e três anos de idade a criança vá ao oftalmologista.  

Como é feito o exame?

O exame oftalmológico inclui a mensuração da acuidade visual (seja por letras, símbolos ou desenhos, dependendo da idade da criança), avaliação do alinhamento ocular e visão binocular, teste de cores (quando a criança já pode colaborar com o exame),biomicroscopia (avaliação das estruturas anteriores do olho como córnea, conjuntiva e cristalino), mensuração de possíveis ametropias ( grau de óculos) sob dilatação pupilar e exame de fundo de olho. Ao dilatar as pupilas o efeito dura em média seis horas ou mais após a visita. Durante esse tempo, sensibilidade à luz e visão borrada, principalmente para perto são as queixas mais comuns.  

Quais são os sinais ou antecedentes mais relevantes para o oftalmologista?
Houve algum problema durante a gravidez ou no parto? Existe algum atraso do desenvolvimento neuro-psico-motor? Existe histórico de problemas oculares na família? Seu filho tem alguma doença sistêmica? Seu filho é alérgico? Já foi submetido a alguma cirurgia?  Você nota alguma dificuldade visual na criança? É comum ao ler ou desenhar aproximar muito os olhos do papel? Você observa dor de cabeça após esforço visual (bricar em tablets, ver tv, ler, desenhar, etc)?

Quais são os problemas mais comuns de visão na infância?
Quatro a seis por cento das crianças têm problemas oculares. Os três tipos mais comuns de problemas são o estrabismo, ambliopia e os erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo). Estrabismo é o termo médico utilizado quando os olhos não estão alinhados (fisiológico nos primeiros meses de vida). Depois de quatro a seis meses de idade as crianças não devem mais ser estrábicas (vide post anterior do blog). A ambliopia, que é às vezes chamado de "olho preguiçoso", refere-se ao desenvolvimento anormal em um ou ambos os olhos durante o período de desenvolvimento visual (vide post anterior do blog). Quanto mais cedo for detectada melhor será o prognóstico.

Como oftalmologistas examinam os olhos de um bebê?
Muitos pais ficam surpresos ao descobrir que um exame oftalmológico completo pode ser executado em seu bebê. Pode-se ter uma boa estimativa da privação visual com base na forma como eles usam seus olhos para olhar e seguir brinquedos atraentes e luzes. Não importa como a visão é testada, é importante verificar cada olho separadamente. Caso haja suspeita de visão ruim, pode-se utilizar testes eletrofisiológicos (Potencial visual evocado de varredura) que permitem uma estimativa satisfatória da acuidade visual. Além disso, ao dilatar as pupilas, através de um aparelho conhecido como retinoscópio, podemos saber se a criança apresenta algum grau de ametropia inadequado para sua faixa etária.

Por que são colírios necessários?
Uma das partes menos agradáveis, mas essenciais de um exame de vista é dilatar as pupilas. Este procedimento não só permite ao médico visualizar o interior do olho, mas é importante também no relaxamento temporário do poder de foco da criança para que miopia, hipermetropia ou astigmatismo possam ser medidos com acurácia.

Como a parte interna do olho é verificada?
Uma vez que os olhos do seu filho estão dilatados, o médico utiliza instrumentos especiais para verificar as estruturas internas do olho. O interior do olho é onde se localiza a retina e o nervo óptico. A retina processa informação visual em sinais que são enviados através do nervo óptico até ao cérebro. O próprio nervo óptico, bem como os vasos sanguíneos que alimentam a retina, pode ser visto na parte posterior do olho.