De origem grega, a palavra leucocória deriva de leuco (= branco) e coria (=pupila), e assim subentende-se pupila branca. A leucocoria é um reflexo anormal ao se direcionar um foco luminoso para os olhos. Como nossa retina é muito vascularizada e tem coloração vermelho-alaranjada, o reflexo luminoso em direção ao olho deve ter aspecto avermelhado (que deve ser simétrico e equivalente em cor e intensidade), já na leucocoria, como temos alteração de alguma estrutura interna do globo ocular, esse reflexo é ausente, e geralmente se observa reflexo esbranquiçado (conhecido popularmente também por “olho de gato”). É comum recebermos pais no consultório que notam essa alteração ao observarem fotos das crianças, principalmente quando utilizam o flash.
Observa-se leucocoria no olho direito |
Leucocoria é um sinal médico para uma série de condições, incluindo a doença de Coats, catarata congênita, melanoma de corpo ciliar, toxocaríase ocular, persistência hiperplásica do vítreo primitivo (PHVP), retinoblastoma, toxocaríase e hamartoma astrocítico.
Duas doenças são urgências oftalmológicas e devem ter seu tratamento iniciado assim que possível: a catarata congênita eo retinoblastoma.
A catarata congênita é a opacificação do cristalino que impede a imagem de chegar na retina e dessa maneira ser devidamente processada pelo cérebro. Como na criança o córtex visual (área do cérebro responsável pela visão) precisa de estímulo para se desenvolver, a atraso na remoção da catarata no bebê pode levar a baixa importante da visão e até mesmo à cegueira irreversível.
O retinoblastoma é um tumor maligno que se desenvolve na retina. De caráter hereditário ou não, é decorrente de uma mutação num gene no cromossomo 13. A doença pode ser congênita ou manifestar-se nos primeiros anos de vida das crianças e afetar os dois olhos ou apenas um deles.
O diagnóstico precoce do retinoblastoma é pré-requisito básico para o sucesso do tratamento. O tratamento é multidisciplinar e estabelecido de acordo com o tamanho, a localização do tumor e se está circunscrito ou disseminado. O objetivo primeiro é debelar a doença e, sempre que possível, preservar o globo ocular e a visão. Na maioria dos casos, o retinoblastoma é uma doença curável. A quimioterapia, a radioterapia e o tratamento oftalmológico a laser têm mostrado bons resultados no retinoblastoma. Em alguns casos, infelizmente, é preciso recorrer à enucleação, isto é, à retirada cirúrgica do globo ocular.
Recomendações:
Procure saber se seu filho passou por uma avaliação oftalmológica que inclui o Teste do Olho Vermelho na maternidade (OBRIGATÓRIO no estado de SP). Se não passou, procure um oftalmologista para realizá-la, quando ele é ainda um bebê.
Leve novamente a criança ao oftalmologista para uma reavaliação, antes dos três anos, ou quando notar alterações como olhos vermelhos, reflexos brancos na pupila, sinais de estrabismo, por exemplo.
Enquanto não se sabe qual a causa da leucocoria (se é uma situação fisiológica, ou realmente problema oftalmológico), o acompanhamento de um oftalmologista é imprescindível!